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A realidade dos cursos, escolas e faculdades é triste, predatória e extremamente prejudicial
Para quem queria uma resposta rápida, é essa.
- A realidade de cursos, bootcamps, escolas e faculdades de (mas não só) Design é triste, predatória e extremamente prejudicial.
- Quando você escolhe um curso, uma faculdade ou escola você simplesmente não sabe o que está comprando e se aquilo vale seu tempo e dinheiro.
- Toda a estrutura, mentalidade e planejamento Educational é precário e atrasado, sem considerar todas as transformações e necessidades Globais. ‘Forma’ mal e como uma das milhares de consequências e prejuízos, é cada vez comum empresas privadas com a necessidade de preencher esse espaço. Para ‘formar’ e ter minimamente os profissionais que precisa, por conta da famosa ‘falta de mão de obra qualificada’.
- Você se vê em uma série de ‘palestras’ — em vídeo ou presencialmente — baseadas exclusivamente no aprendizado passivo, em que você simplesmente escuta e faz anotações sem se envolver na resolução ativa de problemas ou em qualquer pensamento crítico.
Ou como fiz o Silvio Meira:
"...na educação monológica não há espaço para descobertas, só para regurgitar o que já está escrito, estabelecido como norma. lá, a aula é onde o conhecimento é estático, tá pronto, não tem que ser construído, mas é repetido como mantra. na aula, conhecimento não pode ser criado a partir do pensamento. a aula -hoje- não é portadora da necessária conexão entre educação e experiência."
Silvio Meira (@srlm) Tweet
A Educação é um grande exercício de otimismo e esperança nesse contexto. Um situação em que você simplesmente espera que tudo saia bem e você, através desse investimento, alcance seu destino e objetivo, porém seu processo decisório passa quase que esclusivamente por:
- Sorte e privilégio. De ter pessoas ao seu redor com a experiência pessoal, que fizeram/cursaram o que você pretende, ou que tem denso repertório na área para te guiar e ajudar a distinguir possibilidades melhores (mesmo que insuficientes)
- Boa fé. Na ‘reputação’ e renome da Instituição específica, ainda que indiferente para você, para o ‘Mercado’ ainda é uma, se não, a única métrica relevante
- Esperança. De que todo Marketing, Publicidade e/ou Relações Públicas sejam verdadeiros sobre todas as afirmações e benefícios daquele curso e Instituição (inclusive para construir reputação)
- Privilégio (2). De estar em uma camada em que a sua formação indifere e/ou não impede a sua posição ou condições na sociedade (veja os Dados)
Uma, das centenas de consequências — algumas extremamente sérias não só para o indivíduo mas para o País — é o desabafo (abaixo) feito pela Isabelle Oliveira, no Linkedin.
Desabafo que eu leio e se repete há 12 anos, por centenas de pessoas em áreas, em diferentes situações, regiões e circunstâncias.
Você pode ler o post orginal, e contribuir com o diálogo, aqui.
O "desabafo" de Isabelle
"DESABAFO (não citarei nomes)
Tem uns dois que eu vejo duas pessoas do mundinho UX ✨falando o quanto as pesquisas de ux e os projetos estão de baixa qualidade (concordo com tudo)
Uma das alegações dos layoffs é que perceberam que há times inteiros que não fazem e nem fizeram entregas de valor desde a PANDEMIA portanto nem justificam os gastos de contratação, vão pra rua
Daí que o que me deixa injuriada é que as opções de profissionalização são fraquíssimas, é um mar de porcaria, não se ensina pensamento crítico e nunca vi nenhuma discussão sobre ÉTICA de pesquisa ou na construção de produtos e serviços digitais, no máximo “isso pode dar multa segundo a LGPD?”
Alega-se que o mercado tech e ux no Brasil é muito jovem e imaturo mas o que pode ser feito pra subir essa régua? Todos os bons profissionais estão indo embora trabalhar pra empresas gringas (corretíssimos)
Descobri que paguei 3 mil reais na assinatura de um curso pra ouvir que design thinking é um método importante, foi me apresentado uma matriz de market fit que na verdade ta cheia de equívocos, não leva em consideração o design de serviço, por exemplo
Todo curso de ux fala de empatia com o usuário, quem vem da antropologia deve sentir a mesma sensação dos globos oculares quase saindo de órbita 🙄
Participei de uma imersão product manegement que os caras usavam das próprias dores pra preencher um mapa de empatia no case, o usuário ficou Deus. Eles acham que quem pensa que está aprendendo não vai fazer a mesma coisa no trabalho por que foi isso o que foi passado?
Mais de uma vez fui desencorajada a pegar uma pós graduação em ux (que não é barato) com o argumento de mercado imaturo e de que tudo o que preciso saber pra atuar no dia a dia posso aprender em bootcamp
Estamos pagando CARO pra aprender errado, eu não tenho nem coragem de botar na ponta do lápis o quanto já gastei desde que comecei a trabalhar com ux (2021) se não eu vou chorar."Isabelle Oliveira Tweet
Assimetria da Informação
Assimetria da Informação é um dos nomes para esse problema e sensação da Isabelle, e de tantas outras pessoas.
Assimetria de Informação é um desequilíbrio de conhecimento de fatores e detalhes relevantes, entre duas partes negociantes. Normalmente, esse desequilíbrio significa que o lado com mais informações desfruta de uma vantagem competitiva sobre a outra parte — causando uma ineficiência de mercado e eventual eventual falha por completo.
A definição não é minha, eu me baseio na famosa Teoria apresentada no artigo, ‘The Market for Lemons, Quality Uncertainty and the Market Mechanism’, de George A. Akerlof, publicada em 1970 e vencedora do Prêmio Nobel de Economia em 2001 (1)(2).
Assimetria da Informação é algo que eu falo há 12 anos e o motivo pelo qual o Coletividad nasceu. Mas 12 anos e centenas de iniciativas pessoalmente construídas depois, buscando mitigar isso, esse problema só aumentou.
- Da última vez que olhei, “Edtech” era o segmento com maior número de “Startups” no Brasil. É um setor ‘fácil’ e lucrativo. Para não dizer predatório
- Não há parâmetros e diretrizes claras que te protejam de escolhas ruins
- Você não sabe quem, como, onde encontrar o que realmente precisa e entender se realmente precisa daquilo
- Para algo tão sensível e importante o nível de responsabilidade é mínimo
- Tudo isso causa uma enorme ineficiência e eventual falha social e de mercado em múltiplos níveis
Agora estamos praticamente na era da Inteligência Aritificial, que vai promover uma transformação drástica na Educação.
Uma época que pelo celular, você pode pesquisar, comparar e escolher, praticamente todos os aspectos da sua vida. Transporte, férias, residência, comida, entretenimento…
Você pode por exemplo escolher o tênis na cor, preço, material e para qual propósito quiser, com práticas sustentáveis, ler centenas de avaliações, mas para a Educação, a decisão mais importante da nossa vida, você não tem instrumento ou ferramentas de comparação e suporte minimamente adequadas.

O acesso, ao inverso (em números)
A realidade do Ensino Superior & Quando Edtechs falam como estão 'Transformando a Educação'
“Transformando a Educação” é (algo que falei aqui) o slogan apelativo e favorito de várias EdTechs. É como se fosse um selo, na tentativa de cativar, deixar bonito, atribuir valor ou “propósito”.
Mas a realidade é que em 8 de 10 vezes, essa frase é dita por quem não entende, ou por quem trata Educação como mercadoria.
- A base dessa fala costuma ser a proposta de “inserção profissional”, mas qual é a realidade? Por que essa métrica não é transparente.
- Para vagas não precarizadas, empresas exigem graduação. E o que isso significa?
- Quem realmente está entrando nesses cursos, escolas, bootcamps e faculdades?
- Qual é o impacto real, no acesso, na mobilidade social, no retorno econômico?
Dados, dados, dados
- Em comparação internacional (…) o Brasil é um país com baixa qualificação educacional e com elevados retornos econômicos do diploma – os chamados “prêmios salariais” (OECD, 2020)
O Brasil tem 21% dos adultos com nível superior, atrás do México (24%), Colômbia (30%), Chile (34%), Argentina (40%) e da média de 45% dos países membros da OECD – OCDE (OECD, 2020, p. 51).
- Jovens de origem social menos privilegiada tendem a ingressar em cursos menos seletivos, mesmo quando têm notas altas o suficientes para acessar os mais concorridos – esse fenômeno é descrito na literatura internacional como subcorrespondência (undermatching) (BASTEDO; FLASTER, 2014; CAMPBELL et al., 2019; MIZALA; TORCHE, 2020) e, no Brasil, manifesta-se especialmente no acesso ao setor privado, dentro do qual se observa o maior hiato entre os jovens mais ricos e os mais pobres.
- Há uma tensão na literatura educacional entre os conceitos de massificação e democratização (BRANDÃO, 1987). O primeiro termo retém certa conotação negativa – de incorporar ao sistema massas populacionais sem comprometimento com a equidade ou qualidade –, o segundo costuma ser apresentado como uma meta idealizada, quase inalcançável frente às persistentes desigualdades que marcam a educação.
Ampliar o acesso à educação superior não garante, por si só, a redução das desigualdades educacionais pura e simplesmente pela admissão de jovens provenientes das camadas populares; não há, portanto, uma relação direta, unívoca e linear entre expansão dos sistemas de ensino e diminuição das disparidades de acesso. (NELSON DO VALLE SILVA, 2003a, p. 105)
Esse fenômeno é conhecido como “adiamento da seletividade”, nos termos de Shavit, Yaish e Bar-Haim (2007, p. 9), quando a democratização das oportunidades educacionais nos primeiros níveis de ensino joga mais pressão sobre os níveis seguintes.
- As probabilidades de ingresso na graduação variam intensamente da origem social. (…) Para os mais ricos, o acesso é praticamente assegurado independentemente do desempenho no Enem, com probabilidades de ingresso de 70% entre as notas mais baixas. Em um padrão descrito como “vantagens compensatórias” (BERNARDI, 2014; BERNARDI; TRIVENTI, 2018).
- Em 1995, 8 em cada 10 jovens no nível superior eram brancos, em uma época em que já se estimava que os não brancos – pretos, pardos e indígenas (PPI) – contabilizavam metade dos jovens na população.
- Jovens de camadas abastadas partem de probabilidades elevadas de ingresso mesmo entre os piores desempenhos no Enem, ao passo que jovens de camadas populares dependem inteiramente de seu desempenho para obterem sucesso. Há um quadro de acúmulo de vantagens ou de desvantagens, a depender do estrato social, e que os privilégios socioeconômicos dos grupos abastados atuam como uma salvaguarda contra seus eventuais fracassos, em um fenômeno recentemente chamado de “vantagens
compensatórias”. - Ao lado disso, diferenças marcantes são observadas entre os cursos, de modo que os jovens mais pobres, mesmo com desempenhos elevados, insistentemente ingressam em cursos que exigem capacidades inferiores àquelas que eles demonstram em testes de larga escala. De modo geral, os resultados reforçam que o ensino superior brasileiro é altamente estruturado por desigualdades de classe, e que o desempenho responde por uma parcela menor dos hiatos socioeconômicos no conjunto do sistema.
- No início da década de 1980 a marca de 1,4 milhão de matrículas, distribuídas em 5 mil cursos de graduação, segundo tabulações do Censo da Educação Superior (CES). Fruto do primeiro ciclo, essa oferta manteve-se estagnada por um interstício de aproximadamente 15 anos, quando o sistema de educação superior retoma seu crescimento, a partir de 1993, capitaneado inicialmente pela expansão do setor privado. À época, a cobertura educacional era tão baixa que somente 5,8% dos jovens entre 18 e 24 anos de idade acessavam tal nível de ensino. Segundo a taxonomia de Martin Trow (1973), esse indicador nos enquadraria como um sistema “de elite”, em que a oferta de ensino superior é tão diminuta que beneficia apenas as populações mais privilegiadas, não se comprometendo com a formação massiva de profissionais qualificados (GOMES; MORAES, 2012).
Desagregada por nível socioeconômico, a desigualdade desse modelo revela sua face
abissal: enquanto 21% dos jovens do quinto com maior renda domiciliar per capita acessavam o ensino superior em 1993, entre os jovens dos dois quintos mais pobres, somados, essa proporção não passava de 1%. Por consequência, 3 em cada 4 jovens que acessavam o nível superior naquele momento pertenciam ao segmento mais rico.
É pesquisa, para quem quiser entender o panorama da Educação no Brasil. No caso, os dados são da tese “O acesso, ao inverso: desigualdades à sombra da expansão do ensino superior brasileiro, 1991-2020”, do Adriano Senkevics pela Universidade de São Paulo, vencedora do Prêmio CAPES de Melhor Tese de Doutorado em Educação.

Quanto talento se perde no Brasil?
Quanto talento se perde no Brasil? O que aconteceria se o Brasil oferecesse educação e saúde de qualidade? O Banco Mundial lançou o “Brazil Human Capital Review” para discutir essas questões e alertar para a importância de investir nas pessoas.
Alguns dados:
- 40% de todo o talento no Brasil é subdesenvolvido, deixado invisível para a sociedade.
- Uma criança brasileira nascida em 2019 atinge apenas 60% de todo o seu potencial.
- Considerando-se as taxas de emprego, os brasileiros atingem apenas 38% de seu capital humano potencial.
- O Brasil precisaria de 60 anos para alcançar o nível atual de capital humano dos países desenvolvidos.
- A recuperação e aceleração do aprendizado devem ser prioridade nos próximos anos.

Capital Social é importante na Educação
O Capital Social é um potencial determinante da Educação à Saúde.
Esse é o estudo da Nature, resultado da colaboração entre pesquisadores de Harvard University (Opportunity Insights), Stanford University, New York University, e o time principal de Data Science da Meta, sobre como o capital social prevê a mobilidade econômica.
Curiosidade paralela: Isso coincide com a decisão da época do Facebook, em reduzir a força do capital social no direcionamento de conteúdos, e a transformação da distribuição de dados, a “TikTokização” e porque o TikTok é o primeiro a não implementar a lógica do grafo social e redes subjacentes, padrão nos últimos 15 anos em mídias sociais.
Um trecho interessante do estudo:
"Se as crianças com pais de baixo 'status socioeconômico' (SES) crescessem em regiões com conexões econômicas comparáveis às da criança média com pais de alto SES, suas rendas na idade adulta aumentariam em 20% em média.
Diferenças na conexão econômica podem explicar relações bem conhecidas entre mobilidade ascendente de renda e segregação racial, taxas de pobreza e desigualdade. Para apoiar mais pesquisas e intervenções políticas(...)"Social capital I: measurement and associations with economic mobility Tweet

A bolha de Edtech
Com uma estrutura tão ineficiente, atrasada, insuficiente e limitada (que surpreende existir como é), as EdTechs — e toda estrutura de Educação — estão prestes a mudar radicalmente por conta da Inteligência Artificial.
As Edtech focadas em Workforce and skills vivem uma bolha, que nesse post de 1 ano atrás (antes de ChatGPT e afins), eu disse que em 2027 explode.
Nós temos um mercado nessas condições citadas acima, não muito favoráveis.
Esse mercado, por defnição é excludente! Ele quer ‘o melhor’, e por isso simplesmente aumenta a régua quando vê a abundância de gente “formada por vídeo” e cursos de “aprimoramento e habilidades”.
Dados, dados, dados
- A taxa média de conclusão dos cursos à distância (Educação não-formal/Cursos de Extensão e habilidades) é de 10 ~ 30%
- 60,3% das vagas de Software & TI e 47% das vagas em Design, de nível introdutório postadas no LinkedIn, exigem 3+ anos de experiência relevante. Essa é a análise dos Cientistas de Dados do LinkedIn Economic Graph, divulgada em Setembro de 2021, de 3,8 milhões de empregos publicados desde dezembro de 2017
- 35% é a média da indústria nas mesmas condições
- Isso sinifica que o seu curso, não importa o valor, não é suficiente e uma inflação de experiência e inflação de diplomas são reais
- 70% dos funcionários (pleno & sênior) dizem que, mesmo com todo o investimento em Aprendizado & Desenvolvimento, ainda não tem as habilidades que precisam para fazer seu trabalho
- US $ 357 bilhões é o tamanho do Mercado Global de Aprendizado & Desenvolvimento
- O “vácuo de talentos” segue expandindo agressivamente, apesar dessas e outras alternativas
- As circunstâncias ideais. Covid, digitalização, o dobro do investimento (comparado com 2018) com US $ 16 bilhões 2020, contribuem com o crescimento anual, projetado em 19.9% até 2027. Um ótimo e lucrativo negócio, impulsionado pela especulação, não pelo valor do resultado
7 dicas para escolha menos pior e um aprendizado mais eficiente
Antes de se comprometer, procure saber, procurar pessoas ou refletir (já que não temos os sistemas e ferramentas de comparação) se essa experiêcia vai te prover, de alguma forma, essas condições, possibilidades, espaços ou metodologias, por um aprendizado melhor.
- Entenda que Estilo de Aprendizagem não existe (leia)
- Se permita uma aprendizagem por observação e aprendizado por reforço de acordo com a maturidade e objetivo do que se quer aprender. As associações de desaprendizagem podem ser mais fáceis quando elas são adquiridas pela observação em comparação aquelas adquiridas através do aprendizado por reforço (objetivos e metas).
- Expanda o seu ‘limite do conhecido’, as suas experiências e repertório. Isso servirá para uma construção mais eficiente do seu futuro aprendizado.
- Faça. Esse é o melhor tipo de pensar pois leva ao (erro) contraste entre expectativa e realidade, fundamental para reconstruir conhecimentos prévios e criar novos esquemas de compreensão. As pessoas tem noções, preconceitos e experiências prévias sobre as coisas, que levam consigo, armazenadas na memória de longo prazo.
- Escolha o espaço certo para você estar. O espaço molda comportamento das pessoas e das atividades, que por sua vez moldam, através das atividades, o comportamento dos estudantes. A ergonomia e a segurança psicológica criam o conforto necessário para o aprendizado. (BROOKS, 2012) (KRÜGERA E ZANNIN, 2004) (VARTANIANA E NAVARRETEB, 2013)
- Trabalhe em conjunto. Em geral, você será capaz de alcançar níveis mais elevados de aprendizado, pensamento crítico e rentação de informação (GOKHALE, 1995). É importante variar as perspectivas, ver informações paralelas e complementares, tornando o aprendizado mais diverso.
- Ensine um colega e seja parte do processo interagindo, criando etapas, discutindo e revisando o aprendizado (GRUNERT, 1997) (TOPPING E STEWART, 1998).
- Use conceitos que se conectem com seus interesses e objetivos pessoais usando novas formas e múltiplos estímulos para estimular redes cerebrais alternativas.
Conclusão
O que eu sempre acreditei e tentei, minimamente criar até aqui, é a criação de um ecossistema amplo, flúido, distriuído, com espaços acessíveis e propostas, onde as pessoas sejam constantemente criem, ensinem e aprendam, se reequipando para se manterem relevantes em seus objetivos de vida.
Em poucas palavras, esse curso e escola que você pode estar querendo fazer não oferece Educação — é Mercado — ela está mais próxima de entretenimento, oferecendo um conteúdo.
Mas para concluir eu vou usar 5 pontos, citando o Mestre Silvio Meira (@srlm) e seu texto “Rupturas, atuais e futuras, no Ensino Superior”.
- “…depois de décadas tentando atrair capital [para criar e desenvolver negócios], está muito claro que passaremos décadas tentando atrair gente [até para manter os negócios];”
- “…educação “online” não é o destino. é só parte da jornada. e o começo dela. vindo do passado. e vai precisar de um redesenho radical para vir do futuro. essa viagem será a maior oportunidade para todos os agentes do mercado de educação desde, talvez, a eletricidade, pelo menos.”
- “…e ainda há quem, hoje e muito atrasado, esteja tentando fazer funcionar aqui o que já não funciona mais em lugar nenhum. (…) e do que se copia, a partir do pouco que se entende, se faz mal, atrasado, subfinanciado e intermitente.”
- “…na educação monológica não há espaço para descobertas, só para regurgitar o que já está escrito, estabelecido como norma. lá, a aula é onde o conhecimento é estático, tá pronto, não tem que ser construído, mas é repetido como mantra. na aula, conhecimento não pode ser criado a partir do pensamento. a aula -hoje- não é portadora da necessária conexão entre educação e experiência.”
- “…quem analisar os cursos e departamentos da maior parte das universidades públicas e privadas vai descobrir que o maior problema da formação de graduação é a combinação de grades curriculares [normalmente ultrapassadas] E diplomas [associados a silos profissionais regulados], que deveriam dar lugar a aprendizado [de competências e habilidades] e flexibilidade [no mercado de trabalho]. mas… a explosão de cursos de graduação de fácil oferta [de baixa complexidade acadêmica, em conteúdo e laboratório], desconectados do mercado [“ensinam” o que não tem demanda no mercado] não só leva a uma alta evasão [sistêmica] mas cria uma geração de desempregados… que se tornam quase sempre desencantados.”
Obrigado pela leitura!
Quer falar mais sobre esse assunto comigo? Me procura lá no Linkedin. Se você tem algo para acrescentar, questionar e expandir esse assunto, envie seu texto — vamos pensar e escrever em coletividad(e)!