Índice
Quer falar mais sobre esse assunto comigo? Me procura lá no Linkedin. Se você tem algo para acrescentar, questionar e expandir esse assunto, envie seu texto — vamos pensar e escrever em coletividad(e)!
"Nosso negócio está ficando obsoleto por conta do ChatGPT"
Essa foi a declaração do CEO da EdTech Chegg, Dan Rosensweig. Declaração essa que causou a desvalorização das ações da empresa em 50% e queda de 90% nos lucros.
A Chegg fornece assistência com lição de casa e tutoria on-line e disse que a receita ficaria entre US$ 175 milhões e US$ 178 milhões neste trimestre, muito abaixo da estimativa de consenso dos analistas da FactSet de US$ 193,6 milhões.
*Vídeo de propriedade da Bloomberg Opinion, retirado daqui.
Isso é algo que venho falando (desde sempre) há 1 ano – sobre o futuro das Edtechs – antes mesmo de ChatGPT.
O Futuro propõe uma tecnologia capaz de “ler nossa mente” e nos compreender através de múltiplos sentidos e expressões, agregar inteligência coletiva retroativamente, individualizar, personalizar e customizar e gerar tudo isso em tempo real.
O então que resta para EdTechs unicamente baseadas em vídeos gravados, estáticos, expositivo, superficiais e produzidos no modelo “1 tamanho serve para todos”?
O que vem por aí?
Essa é a minha opinião, baseada em estudos, pesquisas, percepções e 10 anos de experiência pensando e construindo sistemas que justamente proporcionem a mudança que estamos prestes a ver.
- Até hoje, EdTechs existiram fundamentalmente nutridas por um espaço de descaso e disfunção da Educação Global replicando inclusive seus métodos atrasados, como o ‘aprendizado passivo’ por exemplo — Inteligência Artificial pode alterar isso
- 80% dessas Edtechs vão quebrar nos proximos 3 anos
- Edtechs que não conseguirem adotar o uso de Tech/AI (a grande maioria), terão sucesso criando um movimento forte de ‘rebranding’ das propostas, usando “humanização” (Professores reais e humanos) e acesso (sendo interface) como principal foco e proposta de valor. Essas vão migrar de ‘vender conteúdo’, para sistemas de mentoria e comunidade mais sofisticados. Será um novo boom de (startups) novas mídias sociais, ferramentas e sistemas (Ex.: Discord)
- As Edtechs de base tecnológica de sucesso, vão migrar para um dos quadrantes: “AI-tube (videos generativos)”, Assistente Pessoal Dinâmico (Metricas, Comparadores, Jornadas de Aprendizagem), Materiais de suporte personalizados (Generativos).
- AI vai criar uma interface físico-digital (ou “Figital”) INÉDITA, corrigindo dezenas de Assimetrias (Ineficiências), alterando drasticamente todo paradigma. O resultado será a criação múltiplas startups de US$ +1T nos anos seguintes, tornando Educação o maior mercado global
- Instituições superiores de altíssimo renome vão se tornar Plataformas e “Incubadoras” (como propus e previ com a criação do conceito de Espaços de Colearning) baseadas em tecnologia e dados, além de parcialmente mais exclusivas e distintas nas propostas
- Entidades de médias/baixo renome verão suas inscrições caírem drasticamente
- O impacto na força de trabalho, nos pré-requisitos e régua profissional, será imensurável e nunca visto
Evidências, Dados e Argumentos
Em poucos meses, o ‘mercado de Educação’ já mudou drasticamente, remodelando direções e modelos de negócios.
O exemplo mais recente é o Synthesis Tutor (video abaixo), uma nova ferramenta de Inteligência Artificial, que está sendo desenvolvida pela Synthesis, um spin-off de uma escola experimental que começou com a iniciativa de Elon Musk, chamada Astra Nova, para colaboradores da SpaceX.
Essa iniciativa tem tecnologia financiada pela DARPA, que criou um tutor digital para a Marinha dos EUA que em 16 semanas superaram os especialistas do setor com 10 anos de experiência. Agora focados em criar uma experiência mágica para as crianças. Você pode ler a pesquisa aqui.
Uma das perguntas do FAQ do site é:
“Isso pode substituir a educação atual do meu filho?”
No outono de 2023, o Synthesis Tutor poderá cobrir toda a matemática elementar para crianças da 3ª à 5ª série. Em janeiro de 2024, começaremos a atender alunos do ensino fundamental e médio. Nosso objetivo é fornecer uma educação STEM completa desde o ensino fundamental até a faculdade.
Synthesis Tutor Tweet
Se vídeo gravado resolvesse o problema da Educação...
Se vídeo gravado resolvesse o problema da Educação, eu escrevi primeiro no Linedkin, o Youtube já teria resolvido. E não só seria a maior escola mas a empresa mais valiosa do mundo.
A real taxa de conclusão média das plataformas (MOOC/EaD) é de 15% ~ 30% ou menos. E esse dado, que é extremamente significativo, pode significar várias coisas.
Com o alcance (escala) do video, hoje nós temos milhares de pessoas sendo “formadas” por inúmeros lugares. E se a principal proposta de valor a fala sobre ‘democratizar’, empregar, preparar profissionais do Futuro, aprender com experts do Mercado, etc… por que nunca é apresentada nenhuma métrica nesse sentido? Exemplos:
- Por que a pessoa abandonam esse curso?
- As pessoas que concluem, estão conseguindo emprego? Qual é essa taxa?
- Qual é a avaliação individual de cada Professor/Mentor?
- Qual é o retorno real desse curso?
Essas e outras informações deveriam ser obrigatórias. A verdade é que a maioria das escolas vende esperança — não resultado. E isso é predatório.
O apagão dos profissionais de Tecnologia não muda
Educação é o mercado com a maior quantidade de startups no Brasil. É muita startup! É muita gente vendendo curso.
Com esse tanto de “solução” por que o apagão dos profissionais de tecnologia, onde há uma enorme concentração de ofertas, não reduz, pelo contrário, só avança?
Simplesmente por que não adianta inundar o mercado com um monte de gente “formada por vídeo”. Quando isso acontece o mercado simplesmente aumenta a régua, as exigências — alguns chamam isso de “inflação de diplomas”, dentre outras consequências.
O mercado é por definição ‘excludente’. A Empresa quer o “melhor time”, as “melhores pessoas”, das “melhores faculdades” — hoje, já prontas e validadas. Ela não quer investir tempo e dinheiro, nutrir e formar. E quando quer, não sabe. Por isso paga 10x o preço (de um curso) e todo mundo quer vender para Empresa. É lucrativo.
Isso não resolve o problema, como falo em partes aqui sobre a atrição, reconhecimento, Arquiteturas (ruins) de Negócio e perda de talentos.
É um setor que não inova, não insere, não educa, não forma, não inclui, não equilibra salários. Por isso já é vulnerável à ameaças como ChatGPT, mas tem mais…
AI: O Futuro das EdTechs
Nas Futuras EdTechs – ou talvez no Google – você vai digitar algo assim:
"Curso em vídeo de UX Design, de nível intermediário, com 5 exercícios escritos, focado em Fintech, em Português de _____ (Professor 1), ______ (Facilitador 2), _______ (Sujeito 3), mais vendidos na Udemy"
O futuro você
Feito! Em poucos minutos, para você.
Traduzindo: tudo criado na internet até hoje (cursos, livros, textos, vídeos e mais) pode e vai permitir uma nova geração de Cursos e materiais gerado só com uma frase (“prompt”). Em breve:
- Esse tipo de “prompt” vai pode gerar um compilado otimizado, customizado, personalizado de materiais, palestras, livros, textos
- “Avatares” da sua pessoa/professora/facilitadora como um Assistente Pessoal potencialmente ubíquo, acompanhando, mentorando e te ajudando, por voz, mensagem, vídeo, falando seu nome e usando a linguagem mais adequada para você
- Você vai poder gerar a sua figura histórica ou artista favorito, com a voz e a “personalidade”. Exemplo: “Quero aprender Design de Produto com Dieter Rams + Jony Ive em Português”
Isso por si só será um grande vetor (emocional) para a otimização do aprendizado e reconfiguração do que entendemos por Educação.
Muita EdTech é só um conjunto de vídeo gravado, conteúdo estático e material expositivo. Quanto tempo até a automação?
Nesse Futuro, qual será o sentido do aprendizado quando a habilidade e o “conhecimento” podem ser instantâneamente gerados?
Tecnologias que já existem
Texto para vídeo
Texto para vídeo, com nada além de palavras, sem vídeo de base/referência, sem imagem, essa capacidade representa mais um importante marco de pesquisa e outro passo monumental para a IA generativa. Empresas como Runaway e Stable Diffusion estão progredindo rapidamente com sistemas de IA para síntese de imagem e vídeo, com resultados cada vez mais precisos, realistas e controláveis.
Veja o trabalho e pesquisa da Runaway sobre.
AI que lê sua mente 👀

Pesquisadores da Meta AI conseguiram entender quais palavras são ouvidas, lendo sinais não invasivos da atividade cerebral de voluntários.
Historicamente, a decodificação da fala a partir da atividade cerebral se apoiava principalmente de métodos invasivos. Nesse novo modelo, a partir de três segundos de atividade cerebral, os resultados mostram que é possível decodificar os segmentos de fala correspondentes com até 73% de precisão (no top 10) de um vocabulário de 793 palavras, ou seja, grande parte das palavras que normalmente usamos em um dia.
Barreiras de linguagem

O futuro da comunicação passará por IA. O Google anunciou recentemente uma ferramenta de IA do Universal Translator.
O serviço “experimental” pega um vídeo de entrada, nesse GIF uma palestra de um curso online originalmente gravado em inglês, transcreve o discurso, traduz, regenera o discurso (estilo e tom correspondentes) naquele idioma e depois edita o vídeo para que os lábios do orador correspondem mais de perto ao novo áudio.
Basicamente um gerador deepfake.
Porém, mais importante, o Universal Translator pode mudar completamente o aprendizado e a educação online, a mídia digital, a criação e comunicação de conteúdo e os negócios digitais.
A sua e outraz vozes
1. A Apple apresentou, no seu release oficial, novidades de acessibilidade cognitiva, além dos recursos Live Speech, Personal Voice e Point and Speak na Lupa.
A próxima IA generativa da Apple para voz vai impulsionar a geração de voz para o grande público, com novos recursos para acessibilidade cognitiva, verbal e visual.
Para habilitar a ‘Voz pessoal’, tudo o que você precisa fazer é gravar 150 frases aleatórias (leva cerca de 15 minutos) e você terá um clone de voz real de si mesmo instantaneamente.
Um modelo de ML da sua voz no dispositivo é projetado para pessoas que perderão a capacidade de falar devido a condições, mas pense em todas as possibilidades que isso abre.
Em breve você poderá ter um assistente pessoal (que é apenas uma versão digital de você) que pode atender suas ligações, responder a e-mails, organizar suas reuniões e assim por diante.
Com tudo armazenado em seu dispositivo pessoal com segurança de alto nível.
2. O Podcast.ai é totalmente gerado por IA, e permite que por exemplo, Joe Rogan entreviste Steve Jobs ou qualquer outra pessoa e/ou figura histórica.
Toda semana vão lançar um novo episódio, explorar um novo tópico e até mesmo trazer vozes do passado de volta à vida.
3. A Amazon, também indo nessa direção, com um novo recurso polêmico para Alexa para fazer exatamente isso — reproduzir a voz de um ente querido falecido, com base em uma curta gravação.
“Estamos inquestionavelmente vivendo na era de ouro da IA, onde nossos sonhos e ficção científica estão se tornando realidade.” Rohit Prasad (SVP & Cientista Chefe da Alexa).
4. O ator James Earl Jones (91), uma das vozes mais icônica do cinema, assinou direitos de voz de Darth Vader para ser substituído por IA.
A empresa Respeecher faz “clonagem de voz” usando gravações de arquivo e IA para criar novos diálogos usando vozes de artistas do passado.
A recriação da voz do Darth Vader já está na minissérie “Obi-Wan Kenobi”. Além de várias outras vozes em todo o universo de Star Wars, como Luke Skywalker em The Book of Boba Fett.
Ajuste dinâmico de dificuldade (DDA)
Cientistas do GIST (Instituto de Ciência e Tecnologia de Gwangju) desenvolveram um modelo que ajusta a dificuldade dos jogos com base nas emoções dos jogadores.
Ajuste dinâmico de dificuldade (DDA) visa poder ajustar a dificuldade de um jogo em tempo real de acordo com o desempenho do jogador.
“As empresas de jogos comerciais já possuem enormes quantidades de dados de jogadores. Eles podem explorar esses dados para modelar os jogadores e resolver vários problemas relacionados ao balanceamento de jogos usando nossa abordagem”
A mesma tem potencial para outros campos que podem ser “gamificados”, como saúde, exercícios e educação.
Avatares e novas fronteiras de interação
1. Caryn Marjorie, uma influenciadora de 23 anos criou, construída por uma empresa de IA Forever Voices, uma versão de si mesma (fala e personalidade) chamada “CarynAI”, usando 2.000 horas de conteúdo do YouTube de Caryn.
Você pode conversar com “ela” por US$ 1/min e segundo ela, na primeira semana seu ‘avatar’ já tinha gerado US$ 71.610 com expectativa de ganhar US $ 5 milhões por mês.
2. A Meta tem várias novidades bem interessantes sobre a criação de objetos e técnicas de escaneamento (investindo no Metaverso).
Querem o poder de gerar avatar fotorrealista, através do (Codec Avatar) escaneando do rosto com a câmera do celular.
A Meta diz que isso esta em testes e pode não chegar ao Metaverso.
Eu digo que não importa, já que esse não é o único uso e a única empresa de olho nessa tecnologia.
As mídias sociais possibilitaram as Ciências Sociais Computacionais, os metadados, geolocalização, negócios, novas dinâmicas sociais e de informação.
A proposta de um “Avatar” pode parecer boba em comparação — só pensando no “Metaverso” 👀 Mas ela é uma NOVA FRONTEIRA de interação! Capaz de coletar toda uma nova camada de dados, gestos, sinais (elêtricos), expressões, EMOÇÕES, comportamento, PENSAMENTOS e muito mais.
Isso pode possibilidar a ideia de “controle e interfaces mínimas” que não exigem os mesmos gestos, movimentos e interações atuais. Criar um novo paradigma (mesmo sem Metaverso). Algo que o Google está investindo bastante e também já comentei aqui.
3. O Google está buscando definir as origens de nossos comportamentos instintivos, microexpressões, sinais implícitos e linguagem corporal. Há 5 anos desenvolvem uma nova linguagem e paradigma de interação que vai além do ‘tocar’, ‘arrastar’ e ‘beliscar’ a tela e considera consciência pessoal, social e espacial — assim como faz em partes, a Ameca (abaixo).

4. Em 2022 eu já falava como Avatares já eram uma realidade lucrativa. A Rozy (imagem), em 2022 ‘tinha 22 anos’, 100 patrocínios, 8 contratos exclusivos e um faturamento de R$ 4.4 milhões previsto para o ano, como influencer e modelo.
A Rozy não existe — ela é a primeira influenciadora virtual da Coreia do Sul e com faturamento real.
Ela é um “humano virtual”, criada por inteligência artificial pela empresa Coreana Sidus Studio X, agência de publicidade subsidiária da LOCUS, de CGI/VFX e Estúdio de Animação especializada em comerciais, animação, filmes e personagens de vídeo.
Ameca — construída para Entreter e Educar
A Ameca, e suas novas expressões faciais agora turbinadas com ChatGPT, que alteram de acordo com a interação.
A Engineered Arts, criadora da Ameca, aparentemente já sabe que consegue resultados fotorrealistas, mas a busca agora é entender a “essência em ser humano”. O foco é a Comunicação e alcançar a suspensão voluntária da descrença — o mesmo que fazemos ao assistir um filme — agora no mundo físico.
Isso provavelmente por que a Ameca tem demanda e é construída para Entreter e Educar, sendo as Universidades uma dos grandes clientes.
“…se o robô se comportar da maneira que você espera e faz expressões que você entende, você pode fazer muita comunicação poderosa com isso.” Will Jackson (CEO Engineered Arts)
Conclusão
Com esse breve resumo, ignorando as demais centenas de avanços, tecnologias, possibilidades e principalmente bilhões de dólares envolvidos — para não dizer trilhão, você acha mesmo que a Educação/EdTech será a mesma com o progresso da Inteligência Artificial? Como você está se preparando para isso?
Obrigado pela leitura!
Quer falar mais sobre esse assunto comigo? Me procura lá no Linkedin. Se você tem algo para acrescentar, questionar e expandir esse assunto, envie seu texto — vamos pensar e escrever em coletividad(e)!